quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desmatamento ainda responde por mais da metade do CO2 lançado pelo Brasil


Estudo divulgado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente mostra que o desmatamento é responsável por pouco mais da metade (51,9%) das emissões de dióxido de carbono do país.


A segunda atividade que mais contribui para o aquecimento global é a agropecuária, com 25% das liberações, seguida pelo setor de energia, com 20%. A indústria é responsável por apenas 1,7% das emissões e o tratamento de lixo e esgoto, por 1,4%.


Os dados dizem respeito à estimativa de emissões brasileiras em 2007, ano em que o país teria lançado na atmosfera cerca de 1,9 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (soma das liberações de gás carbônico, metano e óxido nitroso).Em 1994, data do último levantamento semelhante, o desmatamento respondia por 55,2% das emissões brasileiras de gases ligadas ao efeito estufa.


Já a participação do setor energético saltou de 17% para 20% no período, registrando crescimento individual de 54% em 13 anos.


A diretora de Mudanças Climáticas do ministério, Branca Bastos Americano, disse que houve uma clara mudança no perfil das emissões brasileiras.— Constatamos uma redução da participação do desmatamento e um aumento expressivo das emissões do setor de energia.


As emissões do setor energético incluem a poluição causada por usinas elétricas, queima de combustíveis no transporte e abastecimento de energia doméstica, entre outras atividades.


Na agropecuária, o aumento das liberações de carbono foi de 30%, sendo 25% na criação de gado e 39% nas lavouras.No entanto, a participação do setor no total de emissões brasileiras permaneceu inalterada, em 25%. Também houve crescimento nas emissões da indústria (56%) e do tratamento de resíduos (32%), mas ambos continuaram a influir pouco na soma das emissões.Minc diz que desmatamento zero na Amazônia não é factível.


O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a Embrapa já apresentou propostas para reduzir as emissões na atividade rural. Entre elas, estão o aumento da produtividade do solo, a recuperação de 11 milhões de hectares de áreas degradadas e o incentivo ao plantio direto, técnica que reduz o uso de fertilizantes. Segundo Minc, a combinação dessas três medidas pode reduzir em 7% o total das emissões brasileiras até 2020.— A pecuária brasileira ainda é muito improdutiva. A Amazônia tem áreas com menos de um boi por hectare. Estamos desmatando muito e emitindo muito carbono.


Minc repetiu a promessa de reduzir em 40% as emissões de dióxido de carbono projetadas para 2020. A meta foi calculada de acordo com um cenário de crescimento da economia de 4% ao ano. Segundo Minc, o país poderá alcançar o mesmo corte com um crescimento anual de até 5% na próxima década.


Embora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tenha pedido novos cálculos para uma taxa de crescimento de 6% ao ano, ele disse que o cenário é "altamente improvável".— Nunca na história brasileira a economia cresceu 4% ao ano durante uma década.


Essa taxa de 6% é improbabilíssima, a não ser que a gente tome um chá chinês e tenha uma linha chinesa de crescimento.Mais cedo, o Greenpeace fez um protesto na Esplanada dos Ministérios para que o país assuma metas mais rígidas de redução das emissões de carbono.


Os manifestantes pediram que o governo assuma o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia. Minc reclamou da pressão.— Eu quero desmatamento zero, pobreza zero e analfabetismo zero. Quando você diz que vai reduzir o desmatamento em 80%, sempre perguntam se você é a favor dos outros 20%. A gente tem que ser menos propagandístico e mais realístico.


Escrito por Bernardo Mello Franco

2 comentários:

Patricia Vilas Boas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patricia Vilas Boas disse...

Acho que a iniciativa de contabilizar as emissões é um passo muito importante pra gente ver o tamanho do problema e o que pode ser feito em cima disso, para conseguirmos reduzir as emissõs de gases de efeito estufa no Brasil.