domingo, 20 de dezembro de 2009

Triste desfecho. Adiando uma atitude global...


A 15ª Conferência das Nações Unidas (COP-15), que terminou oficialmente ontem em Copenhague, ficou sem um texto final após o plenário recusar o acordo que havia sido costurado na noite anterior entre Estados Unidos, Brasil, China, Índia e África do Sul.
O documento trazia só um compromisso de impedir a elevação da temperatura em 2°C, sem dizer como seria atingido. Com isso, a tentativa de fechar um texto que permitisse que os países, principalmente os desenvolvidos, fossem cobrados internacionalmente pelo cumprimento das metas ficará para 2010, quando está marcada nova reunião no México.
O "acordo de Copenhague", documento firmado por EUA, China, Brasil, Índia e África do Sul, cristalizou o fracasso de duas semanas de negociações diplomáticas e foi recusado ontem pela manhã. Mesmo com 24 horas de debates além do previsto, o documento, permeado de críticas de delegados, foi denunciado por países em desenvolvimento e acabou rebaixado a um adendo da edição de 2009 da Convenção do Clima (UNFCCC).
Depois da maratona de negociações de chefes de Estado e de governo, entre os quais dos presidentes dos EUA, Barack Obama, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, delegados de países como Sudão, Tuvalu, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Venezuela, entre outros, recusaram-se a aceitar o acordo, que precisaria de consenso para ser adotado pela COP-15.
Pelo texto, os países industrializados se comprometem a empregar US$ 30 bilhões nos próximos três anos - dos quais, US$ 3,6 bilhões dos EUA -, além de até US$ 100 bilhões por ano entre 2013 e 2020. O problema: nenhuma instituição operacional, nem meio de governança desse valor sobre criado. Além disso, sem a definição de meta de redução das emissões - a menção a 50% de redução até 2050, já insuficiente, acabou elidida do texto -, o compromisso fica fluido, sem diretrizes.
Outra crítica dura de delegados do G77 foi contra o atropelo criado pelas negociações entre EUA - com autorização da União Europeia -, China, Brasil, Índia e África do Sul. Cuba protestou em público contra o que chamou de "projeto apócrifo" e reclamou que houve graves violações de procedimentos, tornando as negociações arbitrárias.
Antes de deixar a COP, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, admitiu que o resultado ficou muito aquém do que era esperado pelo País e criticou o presidente americano: "O prêmio Nobel não está à altura da expectativa que a população do planeta coloca sobre ele". Em seguida, o ministro fez um apelo: "Obama, faça alguma coisa. Ou você vai ter de devolver aqui o prêmio Nobel."
Ao longo da manhã, autoridades internacionais tentaram minimizar o fracasso. Ban Ki-moon, secretário-geral das ONU, afirmou em pronunciamento que "a estrada ainda será muito longa", mas elogiou o documento.
Bom, pelo visto, toda aquela expectativa que depositávamos em Obama foi em vão... mas é bom lembrar que além da importância das decisões dos grandes chefes de Estado com relação ao clima, nossas ações como indivíduos que se preocupam com o meio ambiente também são extremamente relevantes. Então não podemos deixar que a decepção com os resultados da COP 15 crie uma descrença total em mudanças.
Fonte: Estadão

Um comentário:

Amend disse...

Pois é... tirem os abanadores, shorts e camisetas do armário: a coisa vai esquentar!