sexta-feira, 23 de abril de 2010

Earth Art - Earthwork - Land Art


Já que ontem foi o dia da Terra, para homenageá-la em sentido literal, vou postar aqui uma reportagem bastante interessante que encontrei no site da Revista Bons Fluídos (número 121). A matéria é intitulada "Campos dos Sonhos" e está disponível através do link indicado abaixo.
Boa leitura!



O que um agricultor e um pintor têm em comum? Ora, o primeiro cria paisagens, o segundo as retrata em suas telas. Se fundirmos as duas atividades, chegaremos ao trabalho do artista plástico Jean Paul Ganem, para quem “o solo é um gigantesco papel e as sementes são as tintas”. Essa é a essência da land art, conhecida como earth art ou earthwork.

A corrente surgiu nos Estados Unidos na década de 60 com a intenção de levar as criações artísticas para além dos limites dos museus e galerias, aproximando-as das pessoas. Jean deu um passo ainda maior. Quer surpreender o olhar, tirá-lo da mesmice, e ainda promover o envolvimento das comunidades existentes fora das grandes metrópoles.
Segundo ele, os trabalhadores rurais não produzem somente alimentos – também imagens. Por isso, cenários inóspitos e selvagens não interessam a esse tunisiano radicado na França.


Amparado por patrocínios de ordem pública e privada, ele viaja o mundo à procura de paisagens “reais”, ou seja, habitadas por gente.
Mas a intenção do artista não é atrapalhar a rotina dos homens do campo. Pelo contrário. Para ele, o utilitário e o belo podem conviver em harmonia. Foi o que propôs a um plantador de trigo no interior da França. Em vez de semear apenas um tipo, por que não adicionar ao plantio outros dois, compondo uma tela xadrez tingida com três tons diferentes?
Mescla de cores, poesia, humor e crítica são ingredientes recorrentes que jogam com o observador. Um campo listrado, não muito diferente dos de futebol, num segundo relance se revela um código de barras. Já no terreno próximo ao aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, a trilha sinuosa com direito a loopings faz contraponto com as rotas bem traçadas dos aviadores. A brincadeira pode ser conferida de camarote pelos passageiros.
E pensar que tamanho apuro tem prazo de validade. Sim, os trabalhos não são perenes. A certa altura a natureza tratará de imprimir seu próprio desenho. Como prova de desapego, o artista diz não só compreender o caráter transitório de suas criações mas também valorizá-lo. “Por ser efêmera, a obra carrega uma mensagem mais forte”, diz.

Fonte: http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0121/04/01.shtml
Direção de arte • Camilla Sola
Texto • Raphaela de Campos Mello

Site do artista: http://www.jpganem.com/

Nenhum comentário: