A COP 16 chegou ao fim e foram adotados os acordos de Cancun. Nessa edição dois pontos podem ser destacados. 1) não houve, como se temia, um retrocesso na adesão e perspectivas de continuidade do Protocolo de Kyoto e 2) foram estabelecidas bases bem mais firmes para compromissos multilaterais vinculantes em 2011, que também já servem para sinalizar o caminho para acordos bilaterais ou regionais, e para ações das empresas e outros atores sociais.
Após o desânimo surgido como conseqüência da falta de resultados em Copenhague, na CoP-15, os resultados de Cancun refletem mais esforços de um grande número de países progressistas, comunidades, empresas e indivíduos em todo o mundo.
Cancun não conseguiu levar o processo de negociação multilateral até o final, como em todas as outras COPs, mas a diferença foi a impressão de que a pressão pública pela mudança começou a influenciar as ações políticas nas negociações internacionais.
Cancun mostrou que a grande maioria dos países está pronta para se comprometer, e que muitos querem contribuir com uma resposta global ambiciosa com relação às mudanças climáticas, que possa ajudar na transição da economia global, gerando benefícios para todos.
Muito mais é necessário e talvez o grande impecilho de um acordo conjunto global seja um grupo de governos que cria obstáculos em qualquer fórum onde o tema é discutido. Países como Japão, Rússia e Estados Unidos mantêm pontos em relação aos quais rejeitam compromissos firmes. É o motivo pelo qual em Cancun não se chegou a um acordo sobre a redução mais profunda de emissões e a um maior apoio financeiro para os países mais vulneráveis aos riscos dos impactos climáticos.
As principais economias emergentes - como China, Índia e Brasil - mostraram flexibilidade e respaldaram a sua retórica política com avanços concretos em relação à redução de emissões de carbono. Os membros do Dialogo de Cartagena, um grupo de países em desenvolvimento e desenvolvidos com estratégias avançadas para a redução de carbono, também apresentaram formas de compromissos interessantes. Estes e outros países estão emergindo na liderança de um grupo que será crucial para o êxito na próxima COP, em Durban, e para uma resposta global para as mudanças climáticas – dentro e fora da UNFCCC.
A sobrevivência dos povos, das espécies, dos ecossistemas e dos países ainda está sobre a mesa. Para garantir a vida, devemos manter o aquecimento global inferior a 1.5ºC. A trágica ironia é o informe divulgado pela NASA durante as últimas horas das negociações em Cancun, segundo o qual o ano de 2010 entrará na história como o mais quente de todos os tempos, desde que são feitos os registros. Se não queremos que os próximos anos sejam ainda mais quentes, devemos começar já a fechar a brecha entre as metas atuais de mitigação, e o que a ciência diz ser necessário. E temos que fazê-lo rapidamente.
Fonte: http://www.tictactictac.org.br/
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